VER CLARO
Toda a poesia é luminosa,
até,
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez
e outra vez e outra vez
a essa sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.
Eugénio de Andrade, Os sulcos da sede, 2001.
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