No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe [...]
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas
cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe! [...]
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
eu sei que traí, mãe [...]
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas
cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe! [...]
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio de um laranjal [...]
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas. [...]
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas. [...]
Eugénio de Andrade, in "Os Amantes sem dinheiro"
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